quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Mentiras da Felicidade

O meu medo é de que algum dia meus pensamentos sejam tão volumosos a ponto de eu mesmo não ter mais controle sobre ele, e que ele se derrame pelo mundo. Longe de querer bancar o individualista ultra-romântico ou o cético prepotente rebaixando a todos, mas creio que poucas pessoas entenderiam as minhas verdades, e principalmente as minhas mentiras.
Na verdade creio que seja impossível para as pessoas compreender o mundo dos outros, o mundo que se esconde em cada palavras, gesto de dissimulação e em cada pingo de esperança.
Algo que para nós mesmo pode ter uma aparência tão inofensiva, e até fútil, pode tomar proporções traumatizantes à determinadas pessoas.
sinto um certo ar nostálgico em mim mesmo ao escrever isso, mas tenho medo de que um dia acabemos esquecendo de mentir, acabemos esquecendo de guardar verdades, e principalmente mentiras, uns dos outros.
Imaginem a cena:
O marido chega em casa com aquele olhar de advogado derrotado. Põem o paletó na cadeira e em mãos uma xícara de café.
Então a mulher pergunta:
- Querido como foi seu dia?
- Normal, perdi duas causas, inclusive aquela do...
- Ai, eu acho esse assunto muito chato, podemos conversar sobre coisas muito mais interessantes não acha? Responde a mulher com uma cara tão amável que chega a ser impossível acreditar na frase dita por ela.
- Tudo bem, o rapaz da TV a cabo veio aqui?
- Sim
- Então, o que fizeram?
- Bom, o de sempre, repararam a antena depois daquela chuva, e tomaram café. Diz ela enquanto olha atenciosamente para o forno.
O marido um pouco desconfiado de uma certa falta de desejo sexual da mulher e uma certa mente maliciosa pergunta:
- Fizeram só isso?
A esposa, com uma certa cara de dó na face, olha atenciosamente para o marido e responde:
- Bem... Depois do café fomos até a sala para ver como o sinal da TV estava, entao ele se atirou para cima de mim, e como a um bom tempo não me satisfaço, acabamos transando... me desculpe meu bem...
Neste momento o homem faz uma expressão indiferente, mas logo em seguida abre um sorriso maroto no rosto como quem entrega as desculpas imediatamente e acaba interrompendo a mulher.
- Tudo bem, não se preocupe com isso, hoje quando voltava do banco encontrei uma ex-amiga de faculdade, ela está passando por apertos e trabalha na rua agora... Não resisti e acabei dando uma ajuda à ela. Fizemos um programa durante a tarde.
E derrepente a cozinha entra em um como silencioso. Os dois se calam respiram fundo. O silencio da cozinha e rasgado pelo zunido que vem do forno, a comida está pronta.
a mulher volta sua atenção para o forno o homem se levanta vai em direção à sua esposa, lhe beija a boca e diz que a comida está com um cheiro formidável e diz também que vai tomar banho.
Em menos de duas horas os dois estão na cama abraçados, quando o homem diz:
- Eu te amo. Muito muito, não como no dia em que nós nos casamos é claro, mas amo muito mesmo.
- Eu também, não tenho o que reclamar de você fora o seu desempenho sexual, eu te amo.
- Eu te amo...
Os dois se beijam. Aos poucos vão se despindo, enquanto suas bocas e corpos se encontram como se estivessem no meio de uma tempestade... de desejo e fúria.
Os dois fazem amor até ficarem exaustos, mas não escondem não estarem satisfeitos uns com os outros.

Não escondem a verdade não mentem, não mentem e não se dão ao prazer de se fazerem felizes, não se dão ao prazer de tornarem a fantasia realidade, mesmo que uma realidade para eles próprios.
Tenho medo de que um dia sejamos realmente sinceros.