terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Muito ao contrário do que muitas pessoas pensam, a crise é algo bom, muito melhor do que o sucesso infindável. Não, não sou nenhum masoquista moral, nem tenho vocação para tal. Um mundo dinâmico como o nosso requer muita reflexão. Isso ficou muito mais evidente, para mim, depois de assistir algumas palestras do Fórum Social Mundial. Que não foi inútil, como muitos afirmam.

Ai, ai senhor Capitalismo... O que seria de nós dois se não fossem as nossas crises? Certamente seriamos muito diferentes, talvez incompreensíveis se adaptados aos padrões de hoje.
Seria você um viajante ao redor do mundo atrás de ingênuos que estejam á mercê de sua influencia, subjugando-os a todo seu aparato tecnologicamente avançado? (como se fizesse algo diferente hoje, você apenas escolheu um lado para torcer).
Seria eu um garoto de onze anos, onde os momentos mais felizes do meu dia seriam adoráveis lanches no shopping?
Estaria você, se banhando de ouro e prata, e pisando em tapetes, feitos das culturas diferentes das dos seus criadores? (pelo visto, trocou o ouro pelo petróleo e a cultura?... continua a mesma coisa)
Estaria eu ouvindo musica que não fazem o menor sentido, por serem feitas em outro idioma?

Simplesmente não sei. Não sei o que seria se o ouro se tornasse escasso. Não sei o que seria se não tivesse lido aquele livro e entrado no meu primeiro conflito existencial, junto com ele. Ou se não tivesse a ambição maior do que seus planos, e encalhado todo o seu potencial dentro de contêineres, arruinando a família de muitos. Ou até mesmo se aquele namoro não tivesse terminado.

Sem as minhas lágrimas sobre o chão. Sem o suor que você derrama sobre os trabalhadores. Sem as insônias eloqüentes que tenho durante a noite. Sem a sua teimosia em resistir, através dos séculos e dos altos e baixos. Sem o nosso azar, por sermos caóticos. Não seriamos coisa alguma do que somos hoje.