segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A mesma coisa, talvez melhor, em novo endereço>
http://anotherromance.wordpress.com/

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ano que vem espero ter motivos para voltar aqui e dizer:
Sim, existe vida após o vestibular.
Sim, eng. mecânica é tudo o que eu queria!
Sim, posso vr minha namorada com mais frequencia e podemos sair para onde quisermos.

Por enquanto eu vou ter de abdicar de algumas coisas. E este espaço é uma delas.
Não fiquem tristes (marília e fernanda)
Eu tenho muitas histórias para contar, muita coisa para dizer. A época das chuvas de 2010 será perfeita para apreciar tudo isso.
Abraço gente.

domingo, 6 de setembro de 2009

Florescer

Não sei se já escrevi algo sobre a minha janela, mas, hoje de manhã, reli um lindo texto da Clarice Lispector e assenti que seria um ótimo tema para pensar.
No momento, lá fora chove muito. É o clima ideal para deixar os pensamentos fluírem, não só pela minha cabeça, mas pelo meu corpo inteiro. Minha mãe comenta que é perigoso mexer com o computador enquanto está chovendo, isso é verdade? Não importa.
Pego a caneca de porcelana em mão e sinto o calor como um afago. Como se alguém segurasse minha mão com todo o amor do mundo (onde ela está?). Estranho, eu nunca havia percebido como a fumaça de um chá quente se espalha pela atmosfera, formando espectros surreais. Vou arrastando meus pés até a janela, como se houvessem um milhão de toneladas nos meus ombros.
Será um delírio meu ou as gotas caem no chão dentro de um ritmo?

Pela minha janela passa o tempo, sempre tão sério e doente; sempre maluco. “Por que você é tão volúvel e inconstante? Por que sempre teima em ir contra a minha vontade?” tenho desejo de gritar, mas as palavras nunca saem da minha garganta. Pela minha janela, passa também o amor, sempre de mãos dadas com alguém, que bobão.
Pela minha janela, eu vejo a chuva caindo. Sinto um aroma característico penetrar na minha sala e me usar como labirinto, percorrendo meu corpo e atingindo minha cabeça.
Pela minha janela, eu vejo pessoas, vejo coisas. Ouço risos, choros, gritos... suspiros.
Ela muda constantemente: há dias em que vejo uma película refletora e o mundo inteiro fica fora de foco, com exceção da minha imagem. É estranho ver meu rosto implantado em tudo mas, ao mesmo tempo, é a única maneira de saber que eu existo.
É claro que uma janela é apenas uma janela; não é o mundo. Mas como é bom observar o mundo sem interferir nele.
Eu observo as árvores perderem suas folhas em maio e, em setembro, já estarem verdes e volumosas novamente. Observo também as chuvas, o Sol doloroso e impiedoso, as ventanias de janeiro. Vejo o céu mudar de cor todos os dias. Vejo coisas que não podem ser guardas em lugar nenhum além da minha memória.

E você? O que vê pela sua janela?

domingo, 9 de agosto de 2009

O Medo do Medo

Tudo branco. Aos poucos o mundo turvo vai se tornando mais nítido. O ambiente vai tomando formas e ele percebe que está correndo ofegante e desesperadamente. Por quê? Aos poucos o oxigênio vai tomando o seu pulmão e restabelecendo sua respiração.
É um corredor branco, com o chão de marfim branco e, pela parede, azulejos brancos. Parece ser um corredor de hospital.
A visão se restabelece e ele percebe o quão forte é a luz das lâmpadas. Um corredor limpo com uma assepsia cirúrgica.
Um corredor branco e limpo e ele continua a correr. Mas correr para quê ou de quê? Finalmente essa dúvida corre-lhe a cabeça e, sem parar de correr, torce o seu pescoço para olhar pra trás. Se depara com uma imagem que lhe cortou o peito.
Um monstro horrível; a boca costurada por fios encardidos; os olhos vermelhos e apertados; na cabeça, pêlos que não eram cabelos; vestia um sobretudo marrom, provavelmente feito de couro. O que mais chamou a atenção foram os pés e os braços, ambos virados para trás. Era como um Curupira um pouco diferente; apenas a cabeça estava virada para trás e o corpo corria de costas.
Manoel sentiu seu peito apertar, voltou a olhar para frente e a correr desesperadamente.
O oxigênio começava a esvair-se do seu sangue, causando tonteira, tudo tava se tornando turvo novamente. Agüentou firme até enxergar uma porta aberta no final do corredor, à esquerda. Não pensou duas vezes, nunca teria coragem de enfrentar aquela criatura horrível.
Estranhamente, ele a porta levava ao inicio do corredor por onde ele corria. E de lá, podia ver o monstro imóvel. Agora via o corpo de forma normal mas a cabeça estava virada para trás. Como? Como poderia sair do fim, e ir para o início do mesmo corredor? Afinal de contas, onde ele estava?
Estendeu o braço para o lado de dentro da porta e viu o seu braço aparecendo no outro lado do corredor. E ao ver o braço estendido para o lado de fora da porta, o monstro continuou a correr. Por instinto, Manoel recolheu o braço e o monstro cessou seu movimento.
Agora sim, tudo parecia mais fresco na sua memória. Ele estava correndo a sua vida toda, sem saber para onde ou o porquê disto. O medo o tornava refém desta caçada. Mas hoje isso iria mudar, ele se decidiu.
Por um instante, se afogou em seus pensamentos. Sabe-se lá como, seus olhos foram guiados e ele notou um detalhe que nunca havia percebido: os braços da criatura horrível, assim como os pés, estavam virados para trás. Era muito mais perigoso enfrentá-lo pelas costas do que ter um encontro frontal. Atacando pelas costas, não enfrentaria aquele rosto horripilante e bizarro, mas enfrentaria braços armados com punhais enferrujados e pontiagudos. Enfrentando-o pela frente, estaria livre de danos físicos, mas ficaria a mercê de uma face que tanto o assusta.
Dúvida, um medo agudo ou a lógica? Aquilo tinha de acaba. Ninguém pode fugir para sempre.
Decidiu. Tomou fôlego, viu o estado deplorável de suas roupas, realmente deveria ter tomando essa decisão antes.
Entrou pela porta, encarou o monstro com os olhos profundos. Os dois puseram-se a correr.
Como ninguém pode despir-se de seus medos de uma hora para a outra, ele cerrou os olhos. Antes do choque, um único e bravo grito.



Abriu os olhos. Seus pés já não batiam com um ritmo frenético, sua respiração já estava mais calma. As pessoas ao redor já não eram assustadoras. Finalmente, Manoel se sentia normal. Poderia falar com qualquer pessoa, poderia expor qualquer coisa a qualquer um.
Mentalmente, ele aprendeu que enfrentar o medo pode ser assustador, mas é a única opção para quem não quer estar preso.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Pra pensar ou não

Certo, de amor o meu coração está cheio. Ultimamente não tenho tido crises de identidade, personalidade, existência ou de qualquer outra natureza. Tenho sido preenchido por um espírito "Alberto Caeristico", se me permitem o neologismo.
Mas nem só de beleza, ou de tristeza, vive a alma. E já que a metafísica se tornou irracional e controversa demais para mim, fujo para outro campo de batalha: o político-social.
O que tem se tornado rotineiro, e falo isso com o testemunho ocular de meu pai e de muitas outras pessoas com mais idade, é a banalidade da violência. É impossível ligar a TV em algum telejornal e fugir de pelo menos uma notícia sobre assassinato ou qualquer outro barbárie por um motivo banal. Disso podemos tirar, de duas, uma conclusão: ou o telejornalismo se tornou sensacionalista e preguiçoso, a ponto de recorrer a fatos fáceis de serem expostos e que dão relativa audiência, ou o mundo realmente se dirige a um rumo onde a humanidade tem o decrescimento da sua civilidade.
Acho que as pessoas hão de concordar que as duas afirmativas tem uma certa veracidade.

Ultimamente, as formas de mídia tem se valido de fatos estarrecedores, chocantes ou até mesmo “bobos” para manterem sua audiência e, é claro, seus patrocinadores. Digo “chocante” por um motivo bem fácil de compreender, basta olhar a foto de capa de um caderno policial de um dos jornais paraenses; digo “bobo” por um motivo ainda mais fácil de compreender, isso pode ser bem ilustrado em vários episódios como o de Susan Boyle ou até mesmo a morte de Michael Jackson – que acabou se tornando num espetáculo.
A TV se tornou um imenso deserto intelectual. É muito raro encontrar oasis que oferecem informações úteis e interessantes, como alguns programas exibidos por emissoras como a MTv, a Tv Cultura e a Record News.
Claro que não é meu objetivo julgar ou desmerecer qualquer emissora de televisão. Mas que os programas poderiam ter um nível muito maior, poderiam.


Mas é claro que o fator mais importante, na maioria das vezes, não está associado à quem exibi, e sim ao que acontece.
É inegável que os índices de violência tem feito uma escalada vertiginosa, isso é estatisticamente provado. A verdadeira questão, além de resolver este problema, está em compreender os motivos pelos quais isso acontece. Não falo dos problemas expostos em jornais, aqueles que todo mundo já conhece, como: analfabetismo, má distribuição de renda e baixa escolaridade. Falo dos motivos que levam a estes problemas que acabei de citar, que são pré-requisitos para essa violência tão alarmante.
Se eu fosse um comunista, citaria os baixíssimos índices de violência que Cuba apresenta e apontaria o capitalismo como a raiz do problema - e para o comunismo com sua solução. Se eu fosse um capitalista veemente, exibiria os baixos índices de violência e os elevados índices de desenvolvimento social que países capitalistas desenvolvidos, tais como Finlândia e Noruega, apresentam; apontaria para os governos e para os fatores históricos como sendo os responsáveis pela condição de medo ao qual somos submetidos.
Como não sou nem um nem outro e procuro fugir dos extremos, ainda continuo com essa dúvida martelando nos meus pensamentos.



Opa, Caeiro me enche o espírito novamente. Chega de pensar.

“Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...”

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Caso alguém que entenda a língua portuguesa queira apontar algum erro grotesco, sinta-se à vontade; caso alguém queira apontar falhas ou queria fazer criticar, o espaço de comentários é todo seu.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Orange Sky

Preguiçosamente, ele se levanta da poltrona acolchoada e toma em mãos uma caneca de café. Apaga a luz da luminária e fecha o livro, que deixa escapar um pequeno pedaço de papel que tinha escrito:

“Ame-a, ame-a mais do que tudo. Porém, esconda o seu amor por ela. Dê todo o carinho e atenção do mundo mas guarde o conhecimento desse seu amor para você mesmo.”
07/06/2007


Inicialmente, o velho bilhete o instigou e o fez refletir. Mas após ver a data, o deixou de lado. Afinal, ele havia escrito aquilo a mais de dois anos.
Bebe um gole de café e vai para a janela.
Ele sabia que era impossível fugir disso, afinal, agora Ela está dentro dele. Ao observar o céu rubro-dourado daquele fim de tarde, um lindo rosto lhe vem à mente. Uma beleza singular, além de qualquer parâmetro existente

Ela é linda. Linda e eu não consigo parar de pensar nisso; Ele murmura enquanto leva a caneca até os lábios.
Com os olhos apontados para o céu, ele procura, internamente, por ele mesmo. E como se houvesse alguém para lhe responder, ele indaga:

Amor? Não... Ou talvez sim? Não seria rápido demais para isso? Mas dizem que o amor não tem relógio, e talvez esse seja o problema... Amor? Do quê eu estou falando?...

Tenta cessar o seu diálogo mas, ao fugir de seus pensamentos, é como um peixe tentar fugir da água.

Eu penso nela a mais de três semanas... Amor? Claro que não... Mas o que é amor?
Será o que Antônio Conselheiro sentia pelos nordestinos? Será o amor de Gandhi à liberdade? O amor – ou será perseguição?- de Adolf Hitler à um ideal torpe?... Não... Talvez seja o que Julieta deu a Romeu. Ou o que Deus deu aos católicos. Talvez o amor seja do que os poetas fazem os seus poemas...


Tenta mais uma vez interromper seus pensamentos e procura admirar os últimos minutos em que o Sol pinta o céu. Impossível.

Será que as pessoas se comportam como a multiplicação de matrizes? O amor de A x B é evidente, mas será que o amor de B x A é possível?
As pessoas apaixonadas se comportam como duas retas concorrentes. Onde as duas tem origens distintas, se tocam em um único ponto e depois prosseguem em direções diferentes?
Oh... acho que eu devo ter estudado demais nessa tarde...


Tenta beber mais um pouco de café. Agora o café está frio e se torna amargo dentro da sua boca. Mesmo assim ele o engole.

Somos humanos, somos matéria, mas não estamos condicionados somente à equações, dados estatísticos e fatos históricos. Estamos condicionados a nós mesmos.
Talvez amá-la seja perigoso, mas necessário.


Ele toma um pouco de fôlego e mais um gole de café frio.

Pelo menos eu tenho um dado estatístico: de todos os nossos beijos e abraços, todos arrancaram a felicidade do mais íntimo de mim e a trouxeram para a minha superfície.
É isso a coisa certa a fazer, é confiar.


Por um breve instante, ele pensa em ir até a cozinha e pegar café quente. Logo muda de opinião e, em voz alta, diz:

Eu não preciso de mais nada e, sem dúvida, esse é o pôr-do-sol mais belo do verão. Quem sabe...O mais belo da minha vida


Dá um largo sorriso e trás aquele rosto lindo de volta para os seus pensamentos.
Ele não poderia ter uma companhia melhor para este pôr-do-sol.


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Descrição da tarde de 08/07/2009

segunda-feira, 29 de junho de 2009

O seu olhar

O que faz dos nossos olhos diferentes? O que faz dos seus olhos mais atentos que os meus? E, só mais uma pergunta, será que isso pode ser alterado?

Um dia, sentado em uma escada de marmore, no centro de Belém, eu fiquei observando um jovem. Ele andava pela calçada, sempre mantendo seus olhos apontados para o chão, como se procurasse algo.
Sem que eu me desse conta, ao longo de toda a rua, eu o segui com meus olhos. Derrepente, se agachou e recolheu uma pequena flor - daquelas que vivem aos montes pelas calçadas -, deu um largo sorriso e continuou a caminhar. Logo dobrou a esquina e ainda mantinha uma felicidade estampada no rosto.
Agora, aqui, eu me pergunto: por que não sou assim?
Eu, assim como a maioria das pessoas, sempre fui desatento. Eu sempre tive inveja dessa disposição para procurar algo, acima de tudo, disposição de procurar felicidade, alegria.

Creio que não existe nenhum comprimido para a felicidade ou um efervescente para a alegria.
"Eno, além de ser antiácido e conter vitamina C, faz do seu dia uma explendido orgasmo que deixará a marca de um sorriso no seu rosto.", diriam as propagandas, caso existissem.

Algumas das poucas pessoas que lêem esse blog podem estar se pergunto do que eu estou tentando dizer.
Eu só quero dizer uma coisa.

O perfeito está nas coisas mínimas.
Uma planta que rompe o concreto e expôem toda toda a sua natureza, no meio de uma calçada movimentada; as folhas que caem de forma magestral, formando uma mosáico suspenso no ar e que dura uma infima parte de segundo; aquele sorriso solto dentro de um ônibus e você não sabe se ele é para você, mas o que importa? aquele sorriso é lindo; o beijo que veio sem aviso prévio e se foi deixando saudades. Tudo, tudo isso sendo coletado ao longo do dia se transforma em um sentimento.
Aquele sentimento que bate em você quando está de olhos fechados e te faz pensar: "Puxa vida, eu tenho tantos problemas, sim, mas nada pode estragar o que estou sentindo agora"

Voltando aos olhos. Eu queria ter olhos aguçados. Queria ter visão de raio-x e poder enxergar além das pessoas. Enxergar além da minha rotina e dos meus compromissos.