segunda-feira, 29 de junho de 2009

O seu olhar

O que faz dos nossos olhos diferentes? O que faz dos seus olhos mais atentos que os meus? E, só mais uma pergunta, será que isso pode ser alterado?

Um dia, sentado em uma escada de marmore, no centro de Belém, eu fiquei observando um jovem. Ele andava pela calçada, sempre mantendo seus olhos apontados para o chão, como se procurasse algo.
Sem que eu me desse conta, ao longo de toda a rua, eu o segui com meus olhos. Derrepente, se agachou e recolheu uma pequena flor - daquelas que vivem aos montes pelas calçadas -, deu um largo sorriso e continuou a caminhar. Logo dobrou a esquina e ainda mantinha uma felicidade estampada no rosto.
Agora, aqui, eu me pergunto: por que não sou assim?
Eu, assim como a maioria das pessoas, sempre fui desatento. Eu sempre tive inveja dessa disposição para procurar algo, acima de tudo, disposição de procurar felicidade, alegria.

Creio que não existe nenhum comprimido para a felicidade ou um efervescente para a alegria.
"Eno, além de ser antiácido e conter vitamina C, faz do seu dia uma explendido orgasmo que deixará a marca de um sorriso no seu rosto.", diriam as propagandas, caso existissem.

Algumas das poucas pessoas que lêem esse blog podem estar se pergunto do que eu estou tentando dizer.
Eu só quero dizer uma coisa.

O perfeito está nas coisas mínimas.
Uma planta que rompe o concreto e expôem toda toda a sua natureza, no meio de uma calçada movimentada; as folhas que caem de forma magestral, formando uma mosáico suspenso no ar e que dura uma infima parte de segundo; aquele sorriso solto dentro de um ônibus e você não sabe se ele é para você, mas o que importa? aquele sorriso é lindo; o beijo que veio sem aviso prévio e se foi deixando saudades. Tudo, tudo isso sendo coletado ao longo do dia se transforma em um sentimento.
Aquele sentimento que bate em você quando está de olhos fechados e te faz pensar: "Puxa vida, eu tenho tantos problemas, sim, mas nada pode estragar o que estou sentindo agora"

Voltando aos olhos. Eu queria ter olhos aguçados. Queria ter visão de raio-x e poder enxergar além das pessoas. Enxergar além da minha rotina e dos meus compromissos.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Jardins.

Ando descalço sobre o mármore branco e frio do pátio, é manhã de um sábado frio. Inexplicavelmente, meu olhar é atraído para o jardim que me pai cultiva.
O jardim está morto, e as poucas plantas que restaram, estão murchas, definhando.
Me agacho, olho-as com certa pena, e digo em voz alta para que meu pai - que lê jornal no momento – escute.
- Deve ter formigas na terra, devem ter afetado a raiz.
Ele põem o jornal sobre a mesa, retira os óculos e os coloca sobre o jornal e desliga a luminária. Aponta os seus olhos para o nada e diz:
- É, foi a irmã da tua mãe que jogou arroz e feijão aí, logo depois as formigas tomaram conta.
- O quê? Arroz e feijão? Por que ela fez isso? – eu exclamo, já revoltado.
- E por que mais seria? Preguiça oras, tava comendo na janela e teve preguiça de levar os restos pro lixeiro.
Nesse momento sinto a mesma revolta no tom de voz de meu pai.
- Mas que... – eu simplesmente não sei mais o que dizer.
- Eu tentei tirar, mas já era tarde demais, elas já tinham danificado toda a raiz. Fiquei doente por uma semana.
Ele se levanta, dá as costas para o pátio e vai em direção a cozinha. Mas antes de ir, ele diz uma ultima coisa:
- Cada idiota com sua idiotice.

Sempre vai existir alguém para destruir nossos sonhos. Sempre haverá alguém para vedar nossos olhos da alegria. Não importa o quanto nos dediquemos nem o quanto isso é importante ou singelo. Sempre haverá alguém para destruir nossos jardins.
Mas fazer o quê? Só nos resta conseguir flores novas, um adubo mais sadio e tentar novamente.

-



Eu deveria ter postado esse texto no sábado, que ficou bem melancólico com esse negócio do jardim.
Em compensação o domingo foi LINDO, PERFEITO, EXPLENDIDO. Simplesmente um dos melhores dias da minha vida. Agradeço a todo mundo pelo passeio na praça: Kalinna, Vivianne, Ph, Eneas, Mãe da Kalinna enfim, todos.

Faltam só 15 dias para a reta final. Curso de férias, manter o habito de escrever alguma coisa todo o dia, por mais medíocre que seja, exercícios e revisões diárias. Esse é o ano.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

A visão

Por vezes, o acaso teima em deixar meu caminho nas mãos do destino. Acordo e meus olhos, ao se abrirem, se deparam com um teto machado pela umidade. Um teto machado que me acolhe vinte horas por dia, como se eu fosse seu filho.
Por outras vezes, o destino dá uma de preguiçoso e me deixa a responsabilidade de tudo. Porém, eu sei que ele não vai embora totalmente, tenho certeza que ele sempre está a me observar. Às vezes ansioso com as minhas decisões; as vezes curioso com as minhas atitudes. Enfim, isso não importa.
Todos os dias eu acordo e, ao abrir meus olhos, sinto um clarão arrombando minha retina. Não é luz, não é o Sol. É a vida.
Há dias em que o clarão não me faz nada demais. Há dias em que esse clarão me inutiliza por muito tempo.
Ultimamente, nenhum, nem outro. A vida não tem entrado. Acordo para viver, como não consigo, volto a dormir tentando sonhar. Tento dormir mesmo que não seja de olhos fechados.
Preciso ter essa luz de volta. Alguém precisa me emprestar lentes para corrigir a minha miopia sentimental. Preciso acordar.

domingo, 7 de junho de 2009

O Refúgio


Pego tudo o que posso e vou esconder-me de baixo de qualquer ponte.
Noite passada, você, tão bela como uma enchente, invadiu o meu lar. Tudo o que você trás consigo é demais para mim. Por isso, prefiro me esconder.
Peguei meus perfumes, para o caso de precisar dormir no lixo; roupas limpas, para o caso de chuva; até mesmo sapatos extras, para o caso de minha caminhada ser longa demais. Não esqueço livros e filmes, para me divertir.
Saio de casa e deixo a porta destrancada, caso você queria descansar e dormir.
Na rua, eu poderia pegar um táxi. Porém, não tenho pressa para chegar a lugar algum.
Vou caminhando pelo meio-fio. Os raios das tempestades de verão queimaram todas as lâmpadas que iluminavam a rua. Todo o caminho é um imenso escuro, um imenso mistério.

Já estou em Junho e eu ainda não sei viver.

Horas se passam. Minhas pernas, já cansadas, me levam para dentro de uma loja de conveniência, onde sento sobre minha timidez, encolho meus ombros e peço um café. Preciso pensar. Penso e concluo que só estou nessa situação porque pensei demais. Me levanto. Pago o café com umas poucas moedas e saio da loja.
Já é madrugada. E eu tenho a nítida impressão de ter caminhado pelo mundo inteiro, mas as placas indicam que nem saí do bairro. Volto a arrastar meu corpo pelo meio-fio.
Perdo-me de mim mesmo e quando me reencontro estou à beira de um córrego que serve como fronteira entre a área urbana e a floresta.
A água que chega até, aproximadamente, a minha cintura; as pedrinhas brancas distribuídas no fundo e a lenta velocidade com que a água corre. Tudo isso lembra meu coração, meus sentimentos.
Jogo minha mochila na parede de uma ponte de pedra. Sento-me ao lado da minha mochila, encostando minhas costas na parede da velha ponte. Aconchego-me o máximo possível, abro a mochila e de lá eu retiro um livro. Dentro do livro eu encontro um bilhete.
Tento me concentrar e ler o que estava escrito no papel rosa. Porém, tentativa em vão. As letras estão distorcidas, borradas. Sinto-me tonto, perco minhas noções de tempo e espaço. Consigo ler apenas um trecho:
"Eu simplesmente te amo".

O ar foge de meus pulmões, mesmo assim sinto meu peito se dilatando. Me sinto nervoso. Com medo. Tímido. Fecho meus olhos tentando esquecer que qualquer coisa que habite minha cabeça. Tento esquecer tudo o que eu não disse. Tudo o que eu não fiz.
Está amanhecendo. O primeiro raio de Sol, corta a escuridão e atinge-me no peito. Pirotecnia emocional.
Meu coração vai diminuindo seu ritmo lentamente. Me acalmo. Espero que o sono chegue logo.

Já estou em Junho e meu coração está parando.

Antes de dormir volto a pensar mais um pouco.
Se meu coração batesse mais forte. Se meu coração parasse de ser tão quieto. Tudo seria diferente. Eu não precisaria fugir de você, meu amor.


(erros de ortografia de novo, eu sei, mas estou cansado para revisá-los)