domingo, 7 de junho de 2009

O Refúgio


Pego tudo o que posso e vou esconder-me de baixo de qualquer ponte.
Noite passada, você, tão bela como uma enchente, invadiu o meu lar. Tudo o que você trás consigo é demais para mim. Por isso, prefiro me esconder.
Peguei meus perfumes, para o caso de precisar dormir no lixo; roupas limpas, para o caso de chuva; até mesmo sapatos extras, para o caso de minha caminhada ser longa demais. Não esqueço livros e filmes, para me divertir.
Saio de casa e deixo a porta destrancada, caso você queria descansar e dormir.
Na rua, eu poderia pegar um táxi. Porém, não tenho pressa para chegar a lugar algum.
Vou caminhando pelo meio-fio. Os raios das tempestades de verão queimaram todas as lâmpadas que iluminavam a rua. Todo o caminho é um imenso escuro, um imenso mistério.

Já estou em Junho e eu ainda não sei viver.

Horas se passam. Minhas pernas, já cansadas, me levam para dentro de uma loja de conveniência, onde sento sobre minha timidez, encolho meus ombros e peço um café. Preciso pensar. Penso e concluo que só estou nessa situação porque pensei demais. Me levanto. Pago o café com umas poucas moedas e saio da loja.
Já é madrugada. E eu tenho a nítida impressão de ter caminhado pelo mundo inteiro, mas as placas indicam que nem saí do bairro. Volto a arrastar meu corpo pelo meio-fio.
Perdo-me de mim mesmo e quando me reencontro estou à beira de um córrego que serve como fronteira entre a área urbana e a floresta.
A água que chega até, aproximadamente, a minha cintura; as pedrinhas brancas distribuídas no fundo e a lenta velocidade com que a água corre. Tudo isso lembra meu coração, meus sentimentos.
Jogo minha mochila na parede de uma ponte de pedra. Sento-me ao lado da minha mochila, encostando minhas costas na parede da velha ponte. Aconchego-me o máximo possível, abro a mochila e de lá eu retiro um livro. Dentro do livro eu encontro um bilhete.
Tento me concentrar e ler o que estava escrito no papel rosa. Porém, tentativa em vão. As letras estão distorcidas, borradas. Sinto-me tonto, perco minhas noções de tempo e espaço. Consigo ler apenas um trecho:
"Eu simplesmente te amo".

O ar foge de meus pulmões, mesmo assim sinto meu peito se dilatando. Me sinto nervoso. Com medo. Tímido. Fecho meus olhos tentando esquecer que qualquer coisa que habite minha cabeça. Tento esquecer tudo o que eu não disse. Tudo o que eu não fiz.
Está amanhecendo. O primeiro raio de Sol, corta a escuridão e atinge-me no peito. Pirotecnia emocional.
Meu coração vai diminuindo seu ritmo lentamente. Me acalmo. Espero que o sono chegue logo.

Já estou em Junho e meu coração está parando.

Antes de dormir volto a pensar mais um pouco.
Se meu coração batesse mais forte. Se meu coração parasse de ser tão quieto. Tudo seria diferente. Eu não precisaria fugir de você, meu amor.


(erros de ortografia de novo, eu sei, mas estou cansado para revisá-los)

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