Ano que vem espero ter motivos para voltar aqui e dizer:
Sim, existe vida após o vestibular.
Sim, eng. mecânica é tudo o que eu queria!
Sim, posso vr minha namorada com mais frequencia e podemos sair para onde quisermos.
Por enquanto eu vou ter de abdicar de algumas coisas. E este espaço é uma delas.
Não fiquem tristes (marília e fernanda)
Eu tenho muitas histórias para contar, muita coisa para dizer. A época das chuvas de 2010 será perfeita para apreciar tudo isso.
Abraço gente.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
domingo, 6 de setembro de 2009
Florescer
Não sei se já escrevi algo sobre a minha janela, mas, hoje de manhã, reli um lindo texto da Clarice Lispector e assenti que seria um ótimo tema para pensar.
No momento, lá fora chove muito. É o clima ideal para deixar os pensamentos fluírem, não só pela minha cabeça, mas pelo meu corpo inteiro. Minha mãe comenta que é perigoso mexer com o computador enquanto está chovendo, isso é verdade? Não importa.
Pego a caneca de porcelana em mão e sinto o calor como um afago. Como se alguém segurasse minha mão com todo o amor do mundo (onde ela está?). Estranho, eu nunca havia percebido como a fumaça de um chá quente se espalha pela atmosfera, formando espectros surreais. Vou arrastando meus pés até a janela, como se houvessem um milhão de toneladas nos meus ombros.
Será um delírio meu ou as gotas caem no chão dentro de um ritmo?
Pela minha janela passa o tempo, sempre tão sério e doente; sempre maluco. “Por que você é tão volúvel e inconstante? Por que sempre teima em ir contra a minha vontade?” tenho desejo de gritar, mas as palavras nunca saem da minha garganta. Pela minha janela, passa também o amor, sempre de mãos dadas com alguém, que bobão.
Pela minha janela, eu vejo a chuva caindo. Sinto um aroma característico penetrar na minha sala e me usar como labirinto, percorrendo meu corpo e atingindo minha cabeça.
Pela minha janela, eu vejo pessoas, vejo coisas. Ouço risos, choros, gritos... suspiros.
Ela muda constantemente: há dias em que vejo uma película refletora e o mundo inteiro fica fora de foco, com exceção da minha imagem. É estranho ver meu rosto implantado em tudo mas, ao mesmo tempo, é a única maneira de saber que eu existo.
É claro que uma janela é apenas uma janela; não é o mundo. Mas como é bom observar o mundo sem interferir nele.
Eu observo as árvores perderem suas folhas em maio e, em setembro, já estarem verdes e volumosas novamente. Observo também as chuvas, o Sol doloroso e impiedoso, as ventanias de janeiro. Vejo o céu mudar de cor todos os dias. Vejo coisas que não podem ser guardas em lugar nenhum além da minha memória.
E você? O que vê pela sua janela?
No momento, lá fora chove muito. É o clima ideal para deixar os pensamentos fluírem, não só pela minha cabeça, mas pelo meu corpo inteiro. Minha mãe comenta que é perigoso mexer com o computador enquanto está chovendo, isso é verdade? Não importa.
Pego a caneca de porcelana em mão e sinto o calor como um afago. Como se alguém segurasse minha mão com todo o amor do mundo (onde ela está?). Estranho, eu nunca havia percebido como a fumaça de um chá quente se espalha pela atmosfera, formando espectros surreais. Vou arrastando meus pés até a janela, como se houvessem um milhão de toneladas nos meus ombros.
Será um delírio meu ou as gotas caem no chão dentro de um ritmo?
Pela minha janela passa o tempo, sempre tão sério e doente; sempre maluco. “Por que você é tão volúvel e inconstante? Por que sempre teima em ir contra a minha vontade?” tenho desejo de gritar, mas as palavras nunca saem da minha garganta. Pela minha janela, passa também o amor, sempre de mãos dadas com alguém, que bobão.
Pela minha janela, eu vejo a chuva caindo. Sinto um aroma característico penetrar na minha sala e me usar como labirinto, percorrendo meu corpo e atingindo minha cabeça.
Pela minha janela, eu vejo pessoas, vejo coisas. Ouço risos, choros, gritos... suspiros.
Ela muda constantemente: há dias em que vejo uma película refletora e o mundo inteiro fica fora de foco, com exceção da minha imagem. É estranho ver meu rosto implantado em tudo mas, ao mesmo tempo, é a única maneira de saber que eu existo.
É claro que uma janela é apenas uma janela; não é o mundo. Mas como é bom observar o mundo sem interferir nele.
Eu observo as árvores perderem suas folhas em maio e, em setembro, já estarem verdes e volumosas novamente. Observo também as chuvas, o Sol doloroso e impiedoso, as ventanias de janeiro. Vejo o céu mudar de cor todos os dias. Vejo coisas que não podem ser guardas em lugar nenhum além da minha memória.
E você? O que vê pela sua janela?
domingo, 9 de agosto de 2009
O Medo do Medo
Tudo branco. Aos poucos o mundo turvo vai se tornando mais nítido. O ambiente vai tomando formas e ele percebe que está correndo ofegante e desesperadamente. Por quê? Aos poucos o oxigênio vai tomando o seu pulmão e restabelecendo sua respiração.
É um corredor branco, com o chão de marfim branco e, pela parede, azulejos brancos. Parece ser um corredor de hospital.
A visão se restabelece e ele percebe o quão forte é a luz das lâmpadas. Um corredor limpo com uma assepsia cirúrgica.
Um corredor branco e limpo e ele continua a correr. Mas correr para quê ou de quê? Finalmente essa dúvida corre-lhe a cabeça e, sem parar de correr, torce o seu pescoço para olhar pra trás. Se depara com uma imagem que lhe cortou o peito.
Um monstro horrível; a boca costurada por fios encardidos; os olhos vermelhos e apertados; na cabeça, pêlos que não eram cabelos; vestia um sobretudo marrom, provavelmente feito de couro. O que mais chamou a atenção foram os pés e os braços, ambos virados para trás. Era como um Curupira um pouco diferente; apenas a cabeça estava virada para trás e o corpo corria de costas.
Manoel sentiu seu peito apertar, voltou a olhar para frente e a correr desesperadamente.
O oxigênio começava a esvair-se do seu sangue, causando tonteira, tudo tava se tornando turvo novamente. Agüentou firme até enxergar uma porta aberta no final do corredor, à esquerda. Não pensou duas vezes, nunca teria coragem de enfrentar aquela criatura horrível.
Estranhamente, ele a porta levava ao inicio do corredor por onde ele corria. E de lá, podia ver o monstro imóvel. Agora via o corpo de forma normal mas a cabeça estava virada para trás. Como? Como poderia sair do fim, e ir para o início do mesmo corredor? Afinal de contas, onde ele estava?
Estendeu o braço para o lado de dentro da porta e viu o seu braço aparecendo no outro lado do corredor. E ao ver o braço estendido para o lado de fora da porta, o monstro continuou a correr. Por instinto, Manoel recolheu o braço e o monstro cessou seu movimento.
Agora sim, tudo parecia mais fresco na sua memória. Ele estava correndo a sua vida toda, sem saber para onde ou o porquê disto. O medo o tornava refém desta caçada. Mas hoje isso iria mudar, ele se decidiu.
Por um instante, se afogou em seus pensamentos. Sabe-se lá como, seus olhos foram guiados e ele notou um detalhe que nunca havia percebido: os braços da criatura horrível, assim como os pés, estavam virados para trás. Era muito mais perigoso enfrentá-lo pelas costas do que ter um encontro frontal. Atacando pelas costas, não enfrentaria aquele rosto horripilante e bizarro, mas enfrentaria braços armados com punhais enferrujados e pontiagudos. Enfrentando-o pela frente, estaria livre de danos físicos, mas ficaria a mercê de uma face que tanto o assusta.
Dúvida, um medo agudo ou a lógica? Aquilo tinha de acaba. Ninguém pode fugir para sempre.
Decidiu. Tomou fôlego, viu o estado deplorável de suas roupas, realmente deveria ter tomando essa decisão antes.
Entrou pela porta, encarou o monstro com os olhos profundos. Os dois puseram-se a correr.
Como ninguém pode despir-se de seus medos de uma hora para a outra, ele cerrou os olhos. Antes do choque, um único e bravo grito.
Abriu os olhos. Seus pés já não batiam com um ritmo frenético, sua respiração já estava mais calma. As pessoas ao redor já não eram assustadoras. Finalmente, Manoel se sentia normal. Poderia falar com qualquer pessoa, poderia expor qualquer coisa a qualquer um.
Mentalmente, ele aprendeu que enfrentar o medo pode ser assustador, mas é a única opção para quem não quer estar preso.
É um corredor branco, com o chão de marfim branco e, pela parede, azulejos brancos. Parece ser um corredor de hospital.
A visão se restabelece e ele percebe o quão forte é a luz das lâmpadas. Um corredor limpo com uma assepsia cirúrgica.
Um corredor branco e limpo e ele continua a correr. Mas correr para quê ou de quê? Finalmente essa dúvida corre-lhe a cabeça e, sem parar de correr, torce o seu pescoço para olhar pra trás. Se depara com uma imagem que lhe cortou o peito.
Um monstro horrível; a boca costurada por fios encardidos; os olhos vermelhos e apertados; na cabeça, pêlos que não eram cabelos; vestia um sobretudo marrom, provavelmente feito de couro. O que mais chamou a atenção foram os pés e os braços, ambos virados para trás. Era como um Curupira um pouco diferente; apenas a cabeça estava virada para trás e o corpo corria de costas.
Manoel sentiu seu peito apertar, voltou a olhar para frente e a correr desesperadamente.
O oxigênio começava a esvair-se do seu sangue, causando tonteira, tudo tava se tornando turvo novamente. Agüentou firme até enxergar uma porta aberta no final do corredor, à esquerda. Não pensou duas vezes, nunca teria coragem de enfrentar aquela criatura horrível.
Estranhamente, ele a porta levava ao inicio do corredor por onde ele corria. E de lá, podia ver o monstro imóvel. Agora via o corpo de forma normal mas a cabeça estava virada para trás. Como? Como poderia sair do fim, e ir para o início do mesmo corredor? Afinal de contas, onde ele estava?
Estendeu o braço para o lado de dentro da porta e viu o seu braço aparecendo no outro lado do corredor. E ao ver o braço estendido para o lado de fora da porta, o monstro continuou a correr. Por instinto, Manoel recolheu o braço e o monstro cessou seu movimento.
Agora sim, tudo parecia mais fresco na sua memória. Ele estava correndo a sua vida toda, sem saber para onde ou o porquê disto. O medo o tornava refém desta caçada. Mas hoje isso iria mudar, ele se decidiu.
Por um instante, se afogou em seus pensamentos. Sabe-se lá como, seus olhos foram guiados e ele notou um detalhe que nunca havia percebido: os braços da criatura horrível, assim como os pés, estavam virados para trás. Era muito mais perigoso enfrentá-lo pelas costas do que ter um encontro frontal. Atacando pelas costas, não enfrentaria aquele rosto horripilante e bizarro, mas enfrentaria braços armados com punhais enferrujados e pontiagudos. Enfrentando-o pela frente, estaria livre de danos físicos, mas ficaria a mercê de uma face que tanto o assusta.
Dúvida, um medo agudo ou a lógica? Aquilo tinha de acaba. Ninguém pode fugir para sempre.
Decidiu. Tomou fôlego, viu o estado deplorável de suas roupas, realmente deveria ter tomando essa decisão antes.
Entrou pela porta, encarou o monstro com os olhos profundos. Os dois puseram-se a correr.
Como ninguém pode despir-se de seus medos de uma hora para a outra, ele cerrou os olhos. Antes do choque, um único e bravo grito.
Abriu os olhos. Seus pés já não batiam com um ritmo frenético, sua respiração já estava mais calma. As pessoas ao redor já não eram assustadoras. Finalmente, Manoel se sentia normal. Poderia falar com qualquer pessoa, poderia expor qualquer coisa a qualquer um.
Mentalmente, ele aprendeu que enfrentar o medo pode ser assustador, mas é a única opção para quem não quer estar preso.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Pra pensar ou não
Certo, de amor o meu coração está cheio. Ultimamente não tenho tido crises de identidade, personalidade, existência ou de qualquer outra natureza. Tenho sido preenchido por um espírito "Alberto Caeristico", se me permitem o neologismo.
Mas nem só de beleza, ou de tristeza, vive a alma. E já que a metafísica se tornou irracional e controversa demais para mim, fujo para outro campo de batalha: o político-social.
O que tem se tornado rotineiro, e falo isso com o testemunho ocular de meu pai e de muitas outras pessoas com mais idade, é a banalidade da violência. É impossível ligar a TV em algum telejornal e fugir de pelo menos uma notícia sobre assassinato ou qualquer outro barbárie por um motivo banal. Disso podemos tirar, de duas, uma conclusão: ou o telejornalismo se tornou sensacionalista e preguiçoso, a ponto de recorrer a fatos fáceis de serem expostos e que dão relativa audiência, ou o mundo realmente se dirige a um rumo onde a humanidade tem o decrescimento da sua civilidade.
Acho que as pessoas hão de concordar que as duas afirmativas tem uma certa veracidade.
Ultimamente, as formas de mídia tem se valido de fatos estarrecedores, chocantes ou até mesmo “bobos” para manterem sua audiência e, é claro, seus patrocinadores. Digo “chocante” por um motivo bem fácil de compreender, basta olhar a foto de capa de um caderno policial de um dos jornais paraenses; digo “bobo” por um motivo ainda mais fácil de compreender, isso pode ser bem ilustrado em vários episódios como o de Susan Boyle ou até mesmo a morte de Michael Jackson – que acabou se tornando num espetáculo.
A TV se tornou um imenso deserto intelectual. É muito raro encontrar oasis que oferecem informações úteis e interessantes, como alguns programas exibidos por emissoras como a MTv, a Tv Cultura e a Record News.
Claro que não é meu objetivo julgar ou desmerecer qualquer emissora de televisão. Mas que os programas poderiam ter um nível muito maior, poderiam.
Mas é claro que o fator mais importante, na maioria das vezes, não está associado à quem exibi, e sim ao que acontece.
É inegável que os índices de violência tem feito uma escalada vertiginosa, isso é estatisticamente provado. A verdadeira questão, além de resolver este problema, está em compreender os motivos pelos quais isso acontece. Não falo dos problemas expostos em jornais, aqueles que todo mundo já conhece, como: analfabetismo, má distribuição de renda e baixa escolaridade. Falo dos motivos que levam a estes problemas que acabei de citar, que são pré-requisitos para essa violência tão alarmante.
Se eu fosse um comunista, citaria os baixíssimos índices de violência que Cuba apresenta e apontaria o capitalismo como a raiz do problema - e para o comunismo com sua solução. Se eu fosse um capitalista veemente, exibiria os baixos índices de violência e os elevados índices de desenvolvimento social que países capitalistas desenvolvidos, tais como Finlândia e Noruega, apresentam; apontaria para os governos e para os fatores históricos como sendo os responsáveis pela condição de medo ao qual somos submetidos.
Como não sou nem um nem outro e procuro fugir dos extremos, ainda continuo com essa dúvida martelando nos meus pensamentos.
Opa, Caeiro me enche o espírito novamente. Chega de pensar.
“Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...”
-
Caso alguém que entenda a língua portuguesa queira apontar algum erro grotesco, sinta-se à vontade; caso alguém queira apontar falhas ou queria fazer criticar, o espaço de comentários é todo seu.
Mas nem só de beleza, ou de tristeza, vive a alma. E já que a metafísica se tornou irracional e controversa demais para mim, fujo para outro campo de batalha: o político-social.
O que tem se tornado rotineiro, e falo isso com o testemunho ocular de meu pai e de muitas outras pessoas com mais idade, é a banalidade da violência. É impossível ligar a TV em algum telejornal e fugir de pelo menos uma notícia sobre assassinato ou qualquer outro barbárie por um motivo banal. Disso podemos tirar, de duas, uma conclusão: ou o telejornalismo se tornou sensacionalista e preguiçoso, a ponto de recorrer a fatos fáceis de serem expostos e que dão relativa audiência, ou o mundo realmente se dirige a um rumo onde a humanidade tem o decrescimento da sua civilidade.
Acho que as pessoas hão de concordar que as duas afirmativas tem uma certa veracidade.
Ultimamente, as formas de mídia tem se valido de fatos estarrecedores, chocantes ou até mesmo “bobos” para manterem sua audiência e, é claro, seus patrocinadores. Digo “chocante” por um motivo bem fácil de compreender, basta olhar a foto de capa de um caderno policial de um dos jornais paraenses; digo “bobo” por um motivo ainda mais fácil de compreender, isso pode ser bem ilustrado em vários episódios como o de Susan Boyle ou até mesmo a morte de Michael Jackson – que acabou se tornando num espetáculo.
A TV se tornou um imenso deserto intelectual. É muito raro encontrar oasis que oferecem informações úteis e interessantes, como alguns programas exibidos por emissoras como a MTv, a Tv Cultura e a Record News.
Claro que não é meu objetivo julgar ou desmerecer qualquer emissora de televisão. Mas que os programas poderiam ter um nível muito maior, poderiam.
Mas é claro que o fator mais importante, na maioria das vezes, não está associado à quem exibi, e sim ao que acontece.
É inegável que os índices de violência tem feito uma escalada vertiginosa, isso é estatisticamente provado. A verdadeira questão, além de resolver este problema, está em compreender os motivos pelos quais isso acontece. Não falo dos problemas expostos em jornais, aqueles que todo mundo já conhece, como: analfabetismo, má distribuição de renda e baixa escolaridade. Falo dos motivos que levam a estes problemas que acabei de citar, que são pré-requisitos para essa violência tão alarmante.
Se eu fosse um comunista, citaria os baixíssimos índices de violência que Cuba apresenta e apontaria o capitalismo como a raiz do problema - e para o comunismo com sua solução. Se eu fosse um capitalista veemente, exibiria os baixos índices de violência e os elevados índices de desenvolvimento social que países capitalistas desenvolvidos, tais como Finlândia e Noruega, apresentam; apontaria para os governos e para os fatores históricos como sendo os responsáveis pela condição de medo ao qual somos submetidos.
Como não sou nem um nem outro e procuro fugir dos extremos, ainda continuo com essa dúvida martelando nos meus pensamentos.
Opa, Caeiro me enche o espírito novamente. Chega de pensar.
“Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...”
-
Caso alguém que entenda a língua portuguesa queira apontar algum erro grotesco, sinta-se à vontade; caso alguém queira apontar falhas ou queria fazer criticar, o espaço de comentários é todo seu.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Orange Sky
Preguiçosamente, ele se levanta da poltrona acolchoada e toma em mãos uma caneca de café. Apaga a luz da luminária e fecha o livro, que deixa escapar um pequeno pedaço de papel que tinha escrito:
“Ame-a, ame-a mais do que tudo. Porém, esconda o seu amor por ela. Dê todo o carinho e atenção do mundo mas guarde o conhecimento desse seu amor para você mesmo.”
07/06/2007
Inicialmente, o velho bilhete o instigou e o fez refletir. Mas após ver a data, o deixou de lado. Afinal, ele havia escrito aquilo a mais de dois anos.
Bebe um gole de café e vai para a janela.
Ele sabia que era impossível fugir disso, afinal, agora Ela está dentro dele. Ao observar o céu rubro-dourado daquele fim de tarde, um lindo rosto lhe vem à mente. Uma beleza singular, além de qualquer parâmetro existente
Ela é linda. Linda e eu não consigo parar de pensar nisso; Ele murmura enquanto leva a caneca até os lábios.
Com os olhos apontados para o céu, ele procura, internamente, por ele mesmo. E como se houvesse alguém para lhe responder, ele indaga:
Amor? Não... Ou talvez sim? Não seria rápido demais para isso? Mas dizem que o amor não tem relógio, e talvez esse seja o problema... Amor? Do quê eu estou falando?...
Tenta cessar o seu diálogo mas, ao fugir de seus pensamentos, é como um peixe tentar fugir da água.
Eu penso nela a mais de três semanas... Amor? Claro que não... Mas o que é amor?
Será o que Antônio Conselheiro sentia pelos nordestinos? Será o amor de Gandhi à liberdade? O amor – ou será perseguição?- de Adolf Hitler à um ideal torpe?... Não... Talvez seja o que Julieta deu a Romeu. Ou o que Deus deu aos católicos. Talvez o amor seja do que os poetas fazem os seus poemas...
Tenta mais uma vez interromper seus pensamentos e procura admirar os últimos minutos em que o Sol pinta o céu. Impossível.
Será que as pessoas se comportam como a multiplicação de matrizes? O amor de A x B é evidente, mas será que o amor de B x A é possível?
As pessoas apaixonadas se comportam como duas retas concorrentes. Onde as duas tem origens distintas, se tocam em um único ponto e depois prosseguem em direções diferentes?
Oh... acho que eu devo ter estudado demais nessa tarde...
Tenta beber mais um pouco de café. Agora o café está frio e se torna amargo dentro da sua boca. Mesmo assim ele o engole.
Somos humanos, somos matéria, mas não estamos condicionados somente à equações, dados estatísticos e fatos históricos. Estamos condicionados a nós mesmos.
Talvez amá-la seja perigoso, mas necessário.
Ele toma um pouco de fôlego e mais um gole de café frio.
Pelo menos eu tenho um dado estatístico: de todos os nossos beijos e abraços, todos arrancaram a felicidade do mais íntimo de mim e a trouxeram para a minha superfície.
É isso a coisa certa a fazer, é confiar.
Por um breve instante, ele pensa em ir até a cozinha e pegar café quente. Logo muda de opinião e, em voz alta, diz:
Eu não preciso de mais nada e, sem dúvida, esse é o pôr-do-sol mais belo do verão. Quem sabe...O mais belo da minha vida
Dá um largo sorriso e trás aquele rosto lindo de volta para os seus pensamentos.
Ele não poderia ter uma companhia melhor para este pôr-do-sol.
-
Descrição da tarde de 08/07/2009
“Ame-a, ame-a mais do que tudo. Porém, esconda o seu amor por ela. Dê todo o carinho e atenção do mundo mas guarde o conhecimento desse seu amor para você mesmo.”
07/06/2007
Inicialmente, o velho bilhete o instigou e o fez refletir. Mas após ver a data, o deixou de lado. Afinal, ele havia escrito aquilo a mais de dois anos.
Bebe um gole de café e vai para a janela.
Ele sabia que era impossível fugir disso, afinal, agora Ela está dentro dele. Ao observar o céu rubro-dourado daquele fim de tarde, um lindo rosto lhe vem à mente. Uma beleza singular, além de qualquer parâmetro existente
Ela é linda. Linda e eu não consigo parar de pensar nisso; Ele murmura enquanto leva a caneca até os lábios.
Com os olhos apontados para o céu, ele procura, internamente, por ele mesmo. E como se houvesse alguém para lhe responder, ele indaga:
Amor? Não... Ou talvez sim? Não seria rápido demais para isso? Mas dizem que o amor não tem relógio, e talvez esse seja o problema... Amor? Do quê eu estou falando?...
Tenta cessar o seu diálogo mas, ao fugir de seus pensamentos, é como um peixe tentar fugir da água.
Eu penso nela a mais de três semanas... Amor? Claro que não... Mas o que é amor?
Será o que Antônio Conselheiro sentia pelos nordestinos? Será o amor de Gandhi à liberdade? O amor – ou será perseguição?- de Adolf Hitler à um ideal torpe?... Não... Talvez seja o que Julieta deu a Romeu. Ou o que Deus deu aos católicos. Talvez o amor seja do que os poetas fazem os seus poemas...
Tenta mais uma vez interromper seus pensamentos e procura admirar os últimos minutos em que o Sol pinta o céu. Impossível.
Será que as pessoas se comportam como a multiplicação de matrizes? O amor de A x B é evidente, mas será que o amor de B x A é possível?
As pessoas apaixonadas se comportam como duas retas concorrentes. Onde as duas tem origens distintas, se tocam em um único ponto e depois prosseguem em direções diferentes?
Oh... acho que eu devo ter estudado demais nessa tarde...
Tenta beber mais um pouco de café. Agora o café está frio e se torna amargo dentro da sua boca. Mesmo assim ele o engole.
Somos humanos, somos matéria, mas não estamos condicionados somente à equações, dados estatísticos e fatos históricos. Estamos condicionados a nós mesmos.
Talvez amá-la seja perigoso, mas necessário.
Ele toma um pouco de fôlego e mais um gole de café frio.
Pelo menos eu tenho um dado estatístico: de todos os nossos beijos e abraços, todos arrancaram a felicidade do mais íntimo de mim e a trouxeram para a minha superfície.
É isso a coisa certa a fazer, é confiar.
Por um breve instante, ele pensa em ir até a cozinha e pegar café quente. Logo muda de opinião e, em voz alta, diz:
Eu não preciso de mais nada e, sem dúvida, esse é o pôr-do-sol mais belo do verão. Quem sabe...O mais belo da minha vida
Dá um largo sorriso e trás aquele rosto lindo de volta para os seus pensamentos.
Ele não poderia ter uma companhia melhor para este pôr-do-sol.
-
Descrição da tarde de 08/07/2009
segunda-feira, 29 de junho de 2009
O seu olhar
O que faz dos nossos olhos diferentes? O que faz dos seus olhos mais atentos que os meus? E, só mais uma pergunta, será que isso pode ser alterado?
Um dia, sentado em uma escada de marmore, no centro de Belém, eu fiquei observando um jovem. Ele andava pela calçada, sempre mantendo seus olhos apontados para o chão, como se procurasse algo.
Sem que eu me desse conta, ao longo de toda a rua, eu o segui com meus olhos. Derrepente, se agachou e recolheu uma pequena flor - daquelas que vivem aos montes pelas calçadas -, deu um largo sorriso e continuou a caminhar. Logo dobrou a esquina e ainda mantinha uma felicidade estampada no rosto.
Agora, aqui, eu me pergunto: por que não sou assim?
Eu, assim como a maioria das pessoas, sempre fui desatento. Eu sempre tive inveja dessa disposição para procurar algo, acima de tudo, disposição de procurar felicidade, alegria.
Creio que não existe nenhum comprimido para a felicidade ou um efervescente para a alegria.
"Eno, além de ser antiácido e conter vitamina C, faz do seu dia uma explendido orgasmo que deixará a marca de um sorriso no seu rosto.", diriam as propagandas, caso existissem.
Algumas das poucas pessoas que lêem esse blog podem estar se pergunto do que eu estou tentando dizer.
Eu só quero dizer uma coisa.
O perfeito está nas coisas mínimas.
Uma planta que rompe o concreto e expôem toda toda a sua natureza, no meio de uma calçada movimentada; as folhas que caem de forma magestral, formando uma mosáico suspenso no ar e que dura uma infima parte de segundo; aquele sorriso solto dentro de um ônibus e você não sabe se ele é para você, mas o que importa? aquele sorriso é lindo; o beijo que veio sem aviso prévio e se foi deixando saudades. Tudo, tudo isso sendo coletado ao longo do dia se transforma em um sentimento.
Aquele sentimento que bate em você quando está de olhos fechados e te faz pensar: "Puxa vida, eu tenho tantos problemas, sim, mas nada pode estragar o que estou sentindo agora"
Voltando aos olhos. Eu queria ter olhos aguçados. Queria ter visão de raio-x e poder enxergar além das pessoas. Enxergar além da minha rotina e dos meus compromissos.
Um dia, sentado em uma escada de marmore, no centro de Belém, eu fiquei observando um jovem. Ele andava pela calçada, sempre mantendo seus olhos apontados para o chão, como se procurasse algo.
Sem que eu me desse conta, ao longo de toda a rua, eu o segui com meus olhos. Derrepente, se agachou e recolheu uma pequena flor - daquelas que vivem aos montes pelas calçadas -, deu um largo sorriso e continuou a caminhar. Logo dobrou a esquina e ainda mantinha uma felicidade estampada no rosto.
Agora, aqui, eu me pergunto: por que não sou assim?
Eu, assim como a maioria das pessoas, sempre fui desatento. Eu sempre tive inveja dessa disposição para procurar algo, acima de tudo, disposição de procurar felicidade, alegria.
Creio que não existe nenhum comprimido para a felicidade ou um efervescente para a alegria.
"Eno, além de ser antiácido e conter vitamina C, faz do seu dia uma explendido orgasmo que deixará a marca de um sorriso no seu rosto.", diriam as propagandas, caso existissem.
Algumas das poucas pessoas que lêem esse blog podem estar se pergunto do que eu estou tentando dizer.
Eu só quero dizer uma coisa.
O perfeito está nas coisas mínimas.
Uma planta que rompe o concreto e expôem toda toda a sua natureza, no meio de uma calçada movimentada; as folhas que caem de forma magestral, formando uma mosáico suspenso no ar e que dura uma infima parte de segundo; aquele sorriso solto dentro de um ônibus e você não sabe se ele é para você, mas o que importa? aquele sorriso é lindo; o beijo que veio sem aviso prévio e se foi deixando saudades. Tudo, tudo isso sendo coletado ao longo do dia se transforma em um sentimento.
Aquele sentimento que bate em você quando está de olhos fechados e te faz pensar: "Puxa vida, eu tenho tantos problemas, sim, mas nada pode estragar o que estou sentindo agora"
Voltando aos olhos. Eu queria ter olhos aguçados. Queria ter visão de raio-x e poder enxergar além das pessoas. Enxergar além da minha rotina e dos meus compromissos.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Jardins.
Ando descalço sobre o mármore branco e frio do pátio, é manhã de um sábado frio. Inexplicavelmente, meu olhar é atraído para o jardim que me pai cultiva.
O jardim está morto, e as poucas plantas que restaram, estão murchas, definhando.
Me agacho, olho-as com certa pena, e digo em voz alta para que meu pai - que lê jornal no momento – escute.
- Deve ter formigas na terra, devem ter afetado a raiz.
Ele põem o jornal sobre a mesa, retira os óculos e os coloca sobre o jornal e desliga a luminária. Aponta os seus olhos para o nada e diz:
- É, foi a irmã da tua mãe que jogou arroz e feijão aí, logo depois as formigas tomaram conta.
- O quê? Arroz e feijão? Por que ela fez isso? – eu exclamo, já revoltado.
- E por que mais seria? Preguiça oras, tava comendo na janela e teve preguiça de levar os restos pro lixeiro.
Nesse momento sinto a mesma revolta no tom de voz de meu pai.
- Mas que... – eu simplesmente não sei mais o que dizer.
- Eu tentei tirar, mas já era tarde demais, elas já tinham danificado toda a raiz. Fiquei doente por uma semana.
Ele se levanta, dá as costas para o pátio e vai em direção a cozinha. Mas antes de ir, ele diz uma ultima coisa:
- Cada idiota com sua idiotice.
Sempre vai existir alguém para destruir nossos sonhos. Sempre haverá alguém para vedar nossos olhos da alegria. Não importa o quanto nos dediquemos nem o quanto isso é importante ou singelo. Sempre haverá alguém para destruir nossos jardins.
Mas fazer o quê? Só nos resta conseguir flores novas, um adubo mais sadio e tentar novamente.
-
Eu deveria ter postado esse texto no sábado, que ficou bem melancólico com esse negócio do jardim.
Em compensação o domingo foi LINDO, PERFEITO, EXPLENDIDO. Simplesmente um dos melhores dias da minha vida. Agradeço a todo mundo pelo passeio na praça: Kalinna, Vivianne, Ph, Eneas, Mãe da Kalinna enfim, todos.
Faltam só 15 dias para a reta final. Curso de férias, manter o habito de escrever alguma coisa todo o dia, por mais medíocre que seja, exercícios e revisões diárias. Esse é o ano.
O jardim está morto, e as poucas plantas que restaram, estão murchas, definhando.
Me agacho, olho-as com certa pena, e digo em voz alta para que meu pai - que lê jornal no momento – escute.
- Deve ter formigas na terra, devem ter afetado a raiz.
Ele põem o jornal sobre a mesa, retira os óculos e os coloca sobre o jornal e desliga a luminária. Aponta os seus olhos para o nada e diz:
- É, foi a irmã da tua mãe que jogou arroz e feijão aí, logo depois as formigas tomaram conta.
- O quê? Arroz e feijão? Por que ela fez isso? – eu exclamo, já revoltado.
- E por que mais seria? Preguiça oras, tava comendo na janela e teve preguiça de levar os restos pro lixeiro.
Nesse momento sinto a mesma revolta no tom de voz de meu pai.
- Mas que... – eu simplesmente não sei mais o que dizer.
- Eu tentei tirar, mas já era tarde demais, elas já tinham danificado toda a raiz. Fiquei doente por uma semana.
Ele se levanta, dá as costas para o pátio e vai em direção a cozinha. Mas antes de ir, ele diz uma ultima coisa:
- Cada idiota com sua idiotice.
Sempre vai existir alguém para destruir nossos sonhos. Sempre haverá alguém para vedar nossos olhos da alegria. Não importa o quanto nos dediquemos nem o quanto isso é importante ou singelo. Sempre haverá alguém para destruir nossos jardins.
Mas fazer o quê? Só nos resta conseguir flores novas, um adubo mais sadio e tentar novamente.
-
Eu deveria ter postado esse texto no sábado, que ficou bem melancólico com esse negócio do jardim.
Em compensação o domingo foi LINDO, PERFEITO, EXPLENDIDO. Simplesmente um dos melhores dias da minha vida. Agradeço a todo mundo pelo passeio na praça: Kalinna, Vivianne, Ph, Eneas, Mãe da Kalinna enfim, todos.
Faltam só 15 dias para a reta final. Curso de férias, manter o habito de escrever alguma coisa todo o dia, por mais medíocre que seja, exercícios e revisões diárias. Esse é o ano.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
A visão
Por vezes, o acaso teima em deixar meu caminho nas mãos do destino. Acordo e meus olhos, ao se abrirem, se deparam com um teto machado pela umidade. Um teto machado que me acolhe vinte horas por dia, como se eu fosse seu filho.
Por outras vezes, o destino dá uma de preguiçoso e me deixa a responsabilidade de tudo. Porém, eu sei que ele não vai embora totalmente, tenho certeza que ele sempre está a me observar. Às vezes ansioso com as minhas decisões; as vezes curioso com as minhas atitudes. Enfim, isso não importa.
Todos os dias eu acordo e, ao abrir meus olhos, sinto um clarão arrombando minha retina. Não é luz, não é o Sol. É a vida.
Há dias em que o clarão não me faz nada demais. Há dias em que esse clarão me inutiliza por muito tempo.
Ultimamente, nenhum, nem outro. A vida não tem entrado. Acordo para viver, como não consigo, volto a dormir tentando sonhar. Tento dormir mesmo que não seja de olhos fechados.
Preciso ter essa luz de volta. Alguém precisa me emprestar lentes para corrigir a minha miopia sentimental. Preciso acordar.
Por outras vezes, o destino dá uma de preguiçoso e me deixa a responsabilidade de tudo. Porém, eu sei que ele não vai embora totalmente, tenho certeza que ele sempre está a me observar. Às vezes ansioso com as minhas decisões; as vezes curioso com as minhas atitudes. Enfim, isso não importa.
Todos os dias eu acordo e, ao abrir meus olhos, sinto um clarão arrombando minha retina. Não é luz, não é o Sol. É a vida.
Há dias em que o clarão não me faz nada demais. Há dias em que esse clarão me inutiliza por muito tempo.
Ultimamente, nenhum, nem outro. A vida não tem entrado. Acordo para viver, como não consigo, volto a dormir tentando sonhar. Tento dormir mesmo que não seja de olhos fechados.
Preciso ter essa luz de volta. Alguém precisa me emprestar lentes para corrigir a minha miopia sentimental. Preciso acordar.
domingo, 7 de junho de 2009
O Refúgio
Pego tudo o que posso e vou esconder-me de baixo de qualquer ponte.
Noite passada, você, tão bela como uma enchente, invadiu o meu lar. Tudo o que você trás consigo é demais para mim. Por isso, prefiro me esconder.
Peguei meus perfumes, para o caso de precisar dormir no lixo; roupas limpas, para o caso de chuva; até mesmo sapatos extras, para o caso de minha caminhada ser longa demais. Não esqueço livros e filmes, para me divertir.
Saio de casa e deixo a porta destrancada, caso você queria descansar e dormir.
Na rua, eu poderia pegar um táxi. Porém, não tenho pressa para chegar a lugar algum.
Vou caminhando pelo meio-fio. Os raios das tempestades de verão queimaram todas as lâmpadas que iluminavam a rua. Todo o caminho é um imenso escuro, um imenso mistério.
Já estou em Junho e eu ainda não sei viver.
Horas se passam. Minhas pernas, já cansadas, me levam para dentro de uma loja de conveniência, onde sento sobre minha timidez, encolho meus ombros e peço um café. Preciso pensar. Penso e concluo que só estou nessa situação porque pensei demais. Me levanto. Pago o café com umas poucas moedas e saio da loja.
Já é madrugada. E eu tenho a nítida impressão de ter caminhado pelo mundo inteiro, mas as placas indicam que nem saí do bairro. Volto a arrastar meu corpo pelo meio-fio.
Perdo-me de mim mesmo e quando me reencontro estou à beira de um córrego que serve como fronteira entre a área urbana e a floresta.
A água que chega até, aproximadamente, a minha cintura; as pedrinhas brancas distribuídas no fundo e a lenta velocidade com que a água corre. Tudo isso lembra meu coração, meus sentimentos.
Jogo minha mochila na parede de uma ponte de pedra. Sento-me ao lado da minha mochila, encostando minhas costas na parede da velha ponte. Aconchego-me o máximo possível, abro a mochila e de lá eu retiro um livro. Dentro do livro eu encontro um bilhete.
Tento me concentrar e ler o que estava escrito no papel rosa. Porém, tentativa em vão. As letras estão distorcidas, borradas. Sinto-me tonto, perco minhas noções de tempo e espaço. Consigo ler apenas um trecho:
"Eu simplesmente te amo".
O ar foge de meus pulmões, mesmo assim sinto meu peito se dilatando. Me sinto nervoso. Com medo. Tímido. Fecho meus olhos tentando esquecer que qualquer coisa que habite minha cabeça. Tento esquecer tudo o que eu não disse. Tudo o que eu não fiz.
Está amanhecendo. O primeiro raio de Sol, corta a escuridão e atinge-me no peito. Pirotecnia emocional.
Meu coração vai diminuindo seu ritmo lentamente. Me acalmo. Espero que o sono chegue logo.
Já estou em Junho e meu coração está parando.
Antes de dormir volto a pensar mais um pouco.
Se meu coração batesse mais forte. Se meu coração parasse de ser tão quieto. Tudo seria diferente. Eu não precisaria fugir de você, meu amor.
(erros de ortografia de novo, eu sei, mas estou cansado para revisá-los)
domingo, 31 de maio de 2009
Microtelesópio
Alma e cérebro. Ninguém tem um cérebro carinhoso, assim como ninguém tem uma alma inteligente. E mesmo sendo tão imiscíveis, estas duas essências se misturam dentro de nós. Mesmo que em proporções diferentes.
É isso é que nos faz humanos. Esta mistura. Esse rio púrpura e invisível que corre pelo nosso corpo, o tempo todo.
Escuridão. Uma pequena luz de um abajur no chão.
Um corpo espalhado nas lajotas brancas. O silêncio gradativamente é cortado pelo som das batidas de um coração.
- Eu deveria me importar? Ela não é nada.
Tenta levantar o rosto em direção a luz do abajur. Se arrasta lentamente na sua direção, porém logo fica exausto. Ele está cansado e não consegue dormir com tanta luz.
Há muito tempo não encontra forças. Sente dores não só nos músculos e órgãos, mas também no seu espírito.
Vira o rosto para o lado, encostando sua bochecha no chão gelado. Um lágrima desce lentamente a sua face.
- Eu tenho que estudar. Já é tarde demais pra pensar nisso.
Repentinamente, a força da gravidade aumenta. Seu corpo é, fortemente, pressionado contra o chão. A lâmpada do abajur se solta do pedestal e cai no chão, mas, mesmo assim não se quebra.
- Quando eu mais preciso de alguém, não consigo encontrar nada.
Tenta se erguer, tentativa em vão.
- Nunca estão em sintonia comigo. Será que nunca percebem quando eu preciso de alguém?
Consegue ajoelhar-se. A lâmpada já não parece estar tão distante e se brilho está mais intenso.
- Pessoas, paixões... Eu tenho ambas, e ambas não me satisfazem. Acho que o problema realmente é comigo.
Trevas repentinas. Respiração ofegante. O som do esforço. A lâmpada do abajur acende-se. Agora, o rapaz já esta de pé.
Calças jeans, camisa branca e lisa, cabelos bagunçados, barba por fazer e óculos baixos. Um verdadeiro retrato de um náufrago. Ele é a ilha.
- Preciso dormir. É a prova mais importante da mina vida. Eu não posso e nem tenho que preocupar, me abater, com isso.
Locomove-se a passos lentos e esforçados. Vai arrastando seus pés em direção ao abajur.
- Existem pessoas interessantes, e eu não sou uma delas. Nunca fui o queridinho de alguém, já deveria estar acostumado com isso. Acho que as pessoas não fazem o meu tipo.
Escuridão novamente.
- Ser engenheiro, é isso que eu preciso. Pode não ser meu sonho... pode até ser que eu não tenha sonho.
A iluminação volta ao normal. Ele já está diante a lâmpada. Com seus olhos, ele cobiça a luz. Nos seus olhos, a neutralidade dá espaço a vários sentimentos: fascínio, obsessão.
- Afinal, a gente tem que sonhar. - E apaga a lâmpada. Escuridão.
- E amar também
-----
Muitos erros gramaticais. Eu sei. Mas eu simplesmente não vou conseguir reescrever ou consertar os defeitos sem ter a ontade de apagá-lo por completo.
É isso é que nos faz humanos. Esta mistura. Esse rio púrpura e invisível que corre pelo nosso corpo, o tempo todo.
Escuridão. Uma pequena luz de um abajur no chão.
Um corpo espalhado nas lajotas brancas. O silêncio gradativamente é cortado pelo som das batidas de um coração.
- Eu deveria me importar? Ela não é nada.
Tenta levantar o rosto em direção a luz do abajur. Se arrasta lentamente na sua direção, porém logo fica exausto. Ele está cansado e não consegue dormir com tanta luz.
Há muito tempo não encontra forças. Sente dores não só nos músculos e órgãos, mas também no seu espírito.
Vira o rosto para o lado, encostando sua bochecha no chão gelado. Um lágrima desce lentamente a sua face.
- Eu tenho que estudar. Já é tarde demais pra pensar nisso.
Repentinamente, a força da gravidade aumenta. Seu corpo é, fortemente, pressionado contra o chão. A lâmpada do abajur se solta do pedestal e cai no chão, mas, mesmo assim não se quebra.
- Quando eu mais preciso de alguém, não consigo encontrar nada.
Tenta se erguer, tentativa em vão.
- Nunca estão em sintonia comigo. Será que nunca percebem quando eu preciso de alguém?
Consegue ajoelhar-se. A lâmpada já não parece estar tão distante e se brilho está mais intenso.
- Pessoas, paixões... Eu tenho ambas, e ambas não me satisfazem. Acho que o problema realmente é comigo.
Trevas repentinas. Respiração ofegante. O som do esforço. A lâmpada do abajur acende-se. Agora, o rapaz já esta de pé.
Calças jeans, camisa branca e lisa, cabelos bagunçados, barba por fazer e óculos baixos. Um verdadeiro retrato de um náufrago. Ele é a ilha.
- Preciso dormir. É a prova mais importante da mina vida. Eu não posso e nem tenho que preocupar, me abater, com isso.
Locomove-se a passos lentos e esforçados. Vai arrastando seus pés em direção ao abajur.
- Existem pessoas interessantes, e eu não sou uma delas. Nunca fui o queridinho de alguém, já deveria estar acostumado com isso. Acho que as pessoas não fazem o meu tipo.
Escuridão novamente.
- Ser engenheiro, é isso que eu preciso. Pode não ser meu sonho... pode até ser que eu não tenha sonho.
A iluminação volta ao normal. Ele já está diante a lâmpada. Com seus olhos, ele cobiça a luz. Nos seus olhos, a neutralidade dá espaço a vários sentimentos: fascínio, obsessão.
- Afinal, a gente tem que sonhar. - E apaga a lâmpada. Escuridão.
- E amar também
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Muitos erros gramaticais. Eu sei. Mas eu simplesmente não vou conseguir reescrever ou consertar os defeitos sem ter a ontade de apagá-lo por completo.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Vale a pena Sonhar.
Sinto falta do passado, quando todos no meu mundo eram felizes e eu, ingenuamente, não percebia a tristeza escondida por trás de tantos sorrisos. Onde eu me contentava em apenas ser o que eu era, e não planejar minha vida sobre um caminho difícil e árduo. Sinto falta também dos meus sonhos, ou melhor, da maneira como eu os interpretava. Dos doces abraços. Da indiferença ao dinheiro. Sinto falta de não ter tudo o que tenho hoje.
Há alguns meses atrás, assisti ao filme O Curioso Caso de Benjamin Button. É quase como uma concretização de um sonho, uma utopia. Imagino o quanto seria bom nascer velho, o quanto seria bom ir ficando jovem com o decorrer do tempo. Assim a cegueira, as dores nas costas, os reumatismos e as demais condições impostas pelo avanço da idade iriam sumindo. Não ter a infelicidade de não poder optar por esquecer ou não o rosto de alguém. Uma recompensa. Uma caçada, a onde no fim nós realmente encontraríamos um tesouro que vale a pena: a juventude juntamente com maturidade e experiência adquirida através dos anos.
Pensando bem, a utopia está mais longe: nascer com o corpo e a mente de pessoas adultas, idosas. Com o tempo esquecer que precisamos de remédios para a artrite, esquecer da maneira certa de cultivar nossas hortas, sermos sensatos o suficiente para não pensarmos em política. Um sonho. Isso sim seria uma verdadeira evolução: aprender a não se preocupar com as coisas. Ser maturo o suficiente para ser feliz.
Há alguns meses atrás, assisti ao filme O Curioso Caso de Benjamin Button. É quase como uma concretização de um sonho, uma utopia. Imagino o quanto seria bom nascer velho, o quanto seria bom ir ficando jovem com o decorrer do tempo. Assim a cegueira, as dores nas costas, os reumatismos e as demais condições impostas pelo avanço da idade iriam sumindo. Não ter a infelicidade de não poder optar por esquecer ou não o rosto de alguém. Uma recompensa. Uma caçada, a onde no fim nós realmente encontraríamos um tesouro que vale a pena: a juventude juntamente com maturidade e experiência adquirida através dos anos.
Pensando bem, a utopia está mais longe: nascer com o corpo e a mente de pessoas adultas, idosas. Com o tempo esquecer que precisamos de remédios para a artrite, esquecer da maneira certa de cultivar nossas hortas, sermos sensatos o suficiente para não pensarmos em política. Um sonho. Isso sim seria uma verdadeira evolução: aprender a não se preocupar com as coisas. Ser maturo o suficiente para ser feliz.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Muito ao contrário do que muitas pessoas pensam, a crise é algo bom, muito melhor do que o sucesso infindável. Não, não sou nenhum masoquista moral, nem tenho vocação para tal. Um mundo dinâmico como o nosso requer muita reflexão. Isso ficou muito mais evidente, para mim, depois de assistir algumas palestras do Fórum Social Mundial. Que não foi inútil, como muitos afirmam.
Ai, ai senhor Capitalismo... O que seria de nós dois se não fossem as nossas crises? Certamente seriamos muito diferentes, talvez incompreensíveis se adaptados aos padrões de hoje.
Seria você um viajante ao redor do mundo atrás de ingênuos que estejam á mercê de sua influencia, subjugando-os a todo seu aparato tecnologicamente avançado? (como se fizesse algo diferente hoje, você apenas escolheu um lado para torcer).
Seria eu um garoto de onze anos, onde os momentos mais felizes do meu dia seriam adoráveis lanches no shopping?
Estaria você, se banhando de ouro e prata, e pisando em tapetes, feitos das culturas diferentes das dos seus criadores? (pelo visto, trocou o ouro pelo petróleo e a cultura?... continua a mesma coisa)
Estaria eu ouvindo musica que não fazem o menor sentido, por serem feitas em outro idioma?
Simplesmente não sei. Não sei o que seria se o ouro se tornasse escasso. Não sei o que seria se não tivesse lido aquele livro e entrado no meu primeiro conflito existencial, junto com ele. Ou se não tivesse a ambição maior do que seus planos, e encalhado todo o seu potencial dentro de contêineres, arruinando a família de muitos. Ou até mesmo se aquele namoro não tivesse terminado.
Sem as minhas lágrimas sobre o chão. Sem o suor que você derrama sobre os trabalhadores. Sem as insônias eloqüentes que tenho durante a noite. Sem a sua teimosia em resistir, através dos séculos e dos altos e baixos. Sem o nosso azar, por sermos caóticos. Não seriamos coisa alguma do que somos hoje.
Ai, ai senhor Capitalismo... O que seria de nós dois se não fossem as nossas crises? Certamente seriamos muito diferentes, talvez incompreensíveis se adaptados aos padrões de hoje.
Seria você um viajante ao redor do mundo atrás de ingênuos que estejam á mercê de sua influencia, subjugando-os a todo seu aparato tecnologicamente avançado? (como se fizesse algo diferente hoje, você apenas escolheu um lado para torcer).
Seria eu um garoto de onze anos, onde os momentos mais felizes do meu dia seriam adoráveis lanches no shopping?
Estaria você, se banhando de ouro e prata, e pisando em tapetes, feitos das culturas diferentes das dos seus criadores? (pelo visto, trocou o ouro pelo petróleo e a cultura?... continua a mesma coisa)
Estaria eu ouvindo musica que não fazem o menor sentido, por serem feitas em outro idioma?
Simplesmente não sei. Não sei o que seria se o ouro se tornasse escasso. Não sei o que seria se não tivesse lido aquele livro e entrado no meu primeiro conflito existencial, junto com ele. Ou se não tivesse a ambição maior do que seus planos, e encalhado todo o seu potencial dentro de contêineres, arruinando a família de muitos. Ou até mesmo se aquele namoro não tivesse terminado.
Sem as minhas lágrimas sobre o chão. Sem o suor que você derrama sobre os trabalhadores. Sem as insônias eloqüentes que tenho durante a noite. Sem a sua teimosia em resistir, através dos séculos e dos altos e baixos. Sem o nosso azar, por sermos caóticos. Não seriamos coisa alguma do que somos hoje.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Mentiras da Felicidade
O meu medo é de que algum dia meus pensamentos sejam tão volumosos a ponto de eu mesmo não ter mais controle sobre ele, e que ele se derrame pelo mundo. Longe de querer bancar o individualista ultra-romântico ou o cético prepotente rebaixando a todos, mas creio que poucas pessoas entenderiam as minhas verdades, e principalmente as minhas mentiras.
Na verdade creio que seja impossível para as pessoas compreender o mundo dos outros, o mundo que se esconde em cada palavras, gesto de dissimulação e em cada pingo de esperança.
Algo que para nós mesmo pode ter uma aparência tão inofensiva, e até fútil, pode tomar proporções traumatizantes à determinadas pessoas.
sinto um certo ar nostálgico em mim mesmo ao escrever isso, mas tenho medo de que um dia acabemos esquecendo de mentir, acabemos esquecendo de guardar verdades, e principalmente mentiras, uns dos outros.
Imaginem a cena:
O marido chega em casa com aquele olhar de advogado derrotado. Põem o paletó na cadeira e em mãos uma xícara de café.
Então a mulher pergunta:
- Querido como foi seu dia?
- Normal, perdi duas causas, inclusive aquela do...
- Ai, eu acho esse assunto muito chato, podemos conversar sobre coisas muito mais interessantes não acha? Responde a mulher com uma cara tão amável que chega a ser impossível acreditar na frase dita por ela.
- Tudo bem, o rapaz da TV a cabo veio aqui?
- Sim
- Então, o que fizeram?
- Bom, o de sempre, repararam a antena depois daquela chuva, e tomaram café. Diz ela enquanto olha atenciosamente para o forno.
O marido um pouco desconfiado de uma certa falta de desejo sexual da mulher e uma certa mente maliciosa pergunta:
- Fizeram só isso?
A esposa, com uma certa cara de dó na face, olha atenciosamente para o marido e responde:
- Bem... Depois do café fomos até a sala para ver como o sinal da TV estava, entao ele se atirou para cima de mim, e como a um bom tempo não me satisfaço, acabamos transando... me desculpe meu bem...
Neste momento o homem faz uma expressão indiferente, mas logo em seguida abre um sorriso maroto no rosto como quem entrega as desculpas imediatamente e acaba interrompendo a mulher.
- Tudo bem, não se preocupe com isso, hoje quando voltava do banco encontrei uma ex-amiga de faculdade, ela está passando por apertos e trabalha na rua agora... Não resisti e acabei dando uma ajuda à ela. Fizemos um programa durante a tarde.
E derrepente a cozinha entra em um como silencioso. Os dois se calam respiram fundo. O silencio da cozinha e rasgado pelo zunido que vem do forno, a comida está pronta.
a mulher volta sua atenção para o forno o homem se levanta vai em direção à sua esposa, lhe beija a boca e diz que a comida está com um cheiro formidável e diz também que vai tomar banho.
Em menos de duas horas os dois estão na cama abraçados, quando o homem diz:
- Eu te amo. Muito muito, não como no dia em que nós nos casamos é claro, mas amo muito mesmo.
- Eu também, não tenho o que reclamar de você fora o seu desempenho sexual, eu te amo.
- Eu te amo...
Os dois se beijam. Aos poucos vão se despindo, enquanto suas bocas e corpos se encontram como se estivessem no meio de uma tempestade... de desejo e fúria.
Os dois fazem amor até ficarem exaustos, mas não escondem não estarem satisfeitos uns com os outros.
Não escondem a verdade não mentem, não mentem e não se dão ao prazer de se fazerem felizes, não se dão ao prazer de tornarem a fantasia realidade, mesmo que uma realidade para eles próprios.
Tenho medo de que um dia sejamos realmente sinceros.
Na verdade creio que seja impossível para as pessoas compreender o mundo dos outros, o mundo que se esconde em cada palavras, gesto de dissimulação e em cada pingo de esperança.
Algo que para nós mesmo pode ter uma aparência tão inofensiva, e até fútil, pode tomar proporções traumatizantes à determinadas pessoas.
sinto um certo ar nostálgico em mim mesmo ao escrever isso, mas tenho medo de que um dia acabemos esquecendo de mentir, acabemos esquecendo de guardar verdades, e principalmente mentiras, uns dos outros.
Imaginem a cena:
O marido chega em casa com aquele olhar de advogado derrotado. Põem o paletó na cadeira e em mãos uma xícara de café.
Então a mulher pergunta:
- Querido como foi seu dia?
- Normal, perdi duas causas, inclusive aquela do...
- Ai, eu acho esse assunto muito chato, podemos conversar sobre coisas muito mais interessantes não acha? Responde a mulher com uma cara tão amável que chega a ser impossível acreditar na frase dita por ela.
- Tudo bem, o rapaz da TV a cabo veio aqui?
- Sim
- Então, o que fizeram?
- Bom, o de sempre, repararam a antena depois daquela chuva, e tomaram café. Diz ela enquanto olha atenciosamente para o forno.
O marido um pouco desconfiado de uma certa falta de desejo sexual da mulher e uma certa mente maliciosa pergunta:
- Fizeram só isso?
A esposa, com uma certa cara de dó na face, olha atenciosamente para o marido e responde:
- Bem... Depois do café fomos até a sala para ver como o sinal da TV estava, entao ele se atirou para cima de mim, e como a um bom tempo não me satisfaço, acabamos transando... me desculpe meu bem...
Neste momento o homem faz uma expressão indiferente, mas logo em seguida abre um sorriso maroto no rosto como quem entrega as desculpas imediatamente e acaba interrompendo a mulher.
- Tudo bem, não se preocupe com isso, hoje quando voltava do banco encontrei uma ex-amiga de faculdade, ela está passando por apertos e trabalha na rua agora... Não resisti e acabei dando uma ajuda à ela. Fizemos um programa durante a tarde.
E derrepente a cozinha entra em um como silencioso. Os dois se calam respiram fundo. O silencio da cozinha e rasgado pelo zunido que vem do forno, a comida está pronta.
a mulher volta sua atenção para o forno o homem se levanta vai em direção à sua esposa, lhe beija a boca e diz que a comida está com um cheiro formidável e diz também que vai tomar banho.
Em menos de duas horas os dois estão na cama abraçados, quando o homem diz:
- Eu te amo. Muito muito, não como no dia em que nós nos casamos é claro, mas amo muito mesmo.
- Eu também, não tenho o que reclamar de você fora o seu desempenho sexual, eu te amo.
- Eu te amo...
Os dois se beijam. Aos poucos vão se despindo, enquanto suas bocas e corpos se encontram como se estivessem no meio de uma tempestade... de desejo e fúria.
Os dois fazem amor até ficarem exaustos, mas não escondem não estarem satisfeitos uns com os outros.
Não escondem a verdade não mentem, não mentem e não se dão ao prazer de se fazerem felizes, não se dão ao prazer de tornarem a fantasia realidade, mesmo que uma realidade para eles próprios.
Tenho medo de que um dia sejamos realmente sinceros.
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